segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A raça Mambrina




A raça Mambrina. originária da Síria, foi introduzida no Brasil no finaI do século passado por meio da empresa Hagem-bec. Poucos animais, de longos pêIos e coloração negra ficaram registrados em fotografias, ainda em poder da família
Lutterbach. Teria o pioneiro José Júlio Lutterbach alguma intenção da seleção?

Em sua propriedade havia animais importados de várias origens: galinhas, perus porcos, bovinos, eqüinos, cães, etc. Sua fazenda, até hoje, encanta os visitantes
pela profusão de árvores importadas da Europa. Sem dúvida, pretendia introduzir novidades no; país.

Trata-se do maior desperdício de potencial genético do país. São animais altos, corpulentos, de boa aptidão leiteira, havendo indivíduos com pouca lã. De orelhas longas, admitindo todas as variedades de pelagens, é uma raça que poderá vir a ocupar um grande papel no melhoramento das cabras de orelhas
longas e mestiços em geral.

Não existe uma descrição adequada do Mambrina porque não se buscou uma padronização de acordo com sua terra de origem. Supõe-se que o Mambrina brasileiro já constitua uma variação do padrão original, porque viveu ao abandono, nos sertões da Bahia, por muitas décadas.

Existem selecionadores em quase todos os estados e uma grande quantidade de núcleos na Bahia. Seus expoentes são premiados na maioria das exposições do Nordeste.

Como teria o Mambrina chegado à Bahia? Essa pergunta merece uma resposta mas a origem está esquecida no momento. É verdade que se conhecem planteis baianos já na década de 1940!


Uma realidade é palpável: o Mambrina tornou-se o maior patrimônio caprino da Bahia, em forma pura. A Bahia foi o berço do Cara-Negra que iria ter importante participação na formação do moderno Santa Inês (é importante não confundir o
Santa Inês histórico, que existe há longa data, com o moderno que passou por um melhoramento zootécnico acelerado devido à infusão de vários sangues diferentes). Também foi pioneira nos ensaios com a raça Angorá; com a Murciana e várias outras. Ali sediou-se um bom trabalho com a raça Bhuj, muitos
criadores entusiasmaram-se pela raça Jamnapari. Atualmente, existem criadores cuidando da preservação de ecotipos nordestinos como as raças Azul, Tepartida, Canindé, Parda etc.

Ao mesmo tempo, poucos dedicam-se à Alpina Francesa como exotismo. Existem baianos criando a raça Cocorobó, a Biritinga etc. A Bahia portanto, sempre foi um cantinho onde cabem todas as raças. Há lugar para tudo no Estado da Bahia.

A Mambrina é uma riqueza na Bahia com dezenas de criadores entusiasmados e centenas exploradores. Afinal, o Mambrina garante grande porte, boa aptidão leiteira nas fêmeas, muita rusticidade e fácil manejo. O Mambrina tem tudo o que é preciso numa moderna criação de caprinos de dupla aptidão.

A verdade é que o Mambrina já firmou seu lugar ao sol, ha muito tempo, mesmo diante de diversas "modas" que surgiram nos últimos anos.

Modernamente, o Mambrina da Bahia já vem sendo exportado há bons consumidores em São Paulo, em Goiás, no Mato Grosso, e em vários Estados nordestinos. Afinal, é um caprino de grande tamanho, bem ao gosto dos criadores do sudeste, onde o verde é fartura.

Lanado e Deslanado - Existe o Mambrina lanado, especial para as regiões mais frias ou onde possa acontecer geadas. Por conta dessa característica, os criadores de Goiás tem preferido animais peludos . Quase sempre na Bahia, os Mambrinas apresentam poucos pêlos mas, ao chegar o período frio, nas terras mato-grossenses ou goianas, o pêlo volta a crescer garantindo o conforto do animai.


No Nordeste a procura dos animais deslanados tem sido intensa nos últimos tempos. Conseguir grande porte, beleza, e ausência de pêlos não é tarefa fácil. Assim, o Mambrina continuará por muito tempo a apresentando as duas versões: lanado e deslanado.

Caracterização Racial - Muita discussão tem acontecido nos recintos de exposições devido á caracterização do Mambrina. Atualmente, sem sofrer introdução de animais da Síria, os criadores tem que se acomodar com o que encontram na Bahia ou no Rio Grande do Norte. Daí que tem surgido animais com chifres pouco torcidos, até arredondados no lugar dos tradicionais chifres chatos, retorcidos e trefilados. Também tem surgido animais com diferente direcionamento dos chifres. Quanto ás orelhas pendentes em forma de folha seca muito ramificada e bem espalmada.


Muita discussão pouca seleção - É hora de colocar os pés no chão: existe muito pouco Mambrina para muita exigência. Os criadores poderiam tratar de fomentar a raça que é o grande patrimônio histórico da Bahia. Ao invés de manterem acirrados debates que não levam ao incremento do criatório. Muito pelo contrário levam à redução! Ao invés de discussão, os criadores brasileiros poderiam dedicar-se à seleção e expansão da raça. Não se verifica necessidade de importação de material genético da Síria e outros países árabes uma vez que no Brasil ainda existe fartura de criatórios poucos explora dos. Há muitos animais perambulando pelas caatingas de vários Estados e eles representam alternativas genéticas alvissareiras. Nos criatórios tradicionais. tem surgido animais exponenciais, de porte avantajado, pouco pêlo e bom rendimento de carne. O Mambrina, portanto é uma realidade de fácil exploração comercial.

Na Bahia, um moderno criador resolveu assumir a difusão e segregação do que poderá ser o maior núcleo da raça Mambrina. Essa é uma espetacular notícia para a raça. Poderia ser Iimitada por outros Estados, o Mambrina tem e terá muitas historias a contar pelo futuro afora.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Revista O Berro - Editora Agropecuária Tropical -
Coletânea de várias Edições

Fonte: Boletim Pecuário

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