segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Curiosidade

 

Em 2001 existiam apenas 3000 Mambrinas puros no Brasil e 5000 animais que poderiam receber o certificado de fundação.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Mambrina e a Biblia

 

Alguns já sugeriram que o profeta Amos, quando falou de um pastor “tirando da boca de um leão duas pernas ou um pedaço de uma orelha”, está se referindo as orelhas grandes e pendulas da raça síria.

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Fonte: A dictionary of the Bible, Volume 3

Por William Smith

terça-feira, 25 de outubro de 2011

CAPRA SIRIANA MAMBRINA

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Fonte: http://cristinistor.blogspot.com – Site Romeno ou Moldávico, não tenho muita certeza.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Efeito da Suplementação Energética sobre o Desempenho e Economicidade da Terminação de Cabritos a Pasto

 

Introdução
Os rebanhos de caprinos no Nordeste, em sua grande maioria, destinam-se ao autoconsumo e mercado local. Paralela a essa realidade há um mercado crescente de carne caprina por essa apresentar teores de gordura, proteína, ferro e calorias, semelhante a carne de frango (Leite, 2004) que é considerada uma das mais saudáveis. O mercado tem sinalizado para o consumo de carne de animais jovens abatidos com até seis meses de idade. No entanto, nas condições de produção praticadas no Nordeste, o que se observa é o abate de animais velhos e com baixa qualidade e rendimento de carcaça. Diante desse cenário, a criação de caprinos de corte para comercialização do produto surge como alternativa para a geração de renda em comunidades rurais no Nordeste do Brasil.


Um dos grandes limitantes para a produção animal nessa região é a estacionalidade produtiva, causada pela falta de forragem no pasto nativo por um período que pode ser superior a oito meses. O uso de pastos cultivados tem possibilitado a terminação de até quatro lotes por ano, com lotações de até 60 ovinos/ha e ganhos de até 280g/cab dia em ovinos (Silva et al., 2004). Com caprinos, os ganhos em geral são mais modestos. No entanto, o uso de suplementação associado ao uso de animais geneticamente superiores, pode melhorar esses índices. O objetivo principal deste trabalho foi determinar o efeito da suplementação sobre o desempenho de cabritos ½ Bôer:SRD e a eficiência econômica dessa tecnologia sobre a terminação de cabritos a pasto.

Material e Métodos
O experimento foi conduzido na fazenda Santa Rita, campo experimental da Embrapa Caprinos localizado na cidade de Sobral no Ceará, no final da estação seca de 2004 e inicio da estação chuvosa de 2005. Foi usada a lotação rotativa para o manejo dos pastos (Tabela 1). Como era época seca foi utilizada irrigação por meio do sistema convencional de aspersão com canhões hidráulicos. O pasto foi dividido em oito piquetes de 625m2, totalizando 0,5 ha, e foi feito o pastejo em faixas, ou seja, as cercas internas eram móveis, sendo mudadas de local sempre que os animais mudavam de piquete. O pasto a cada saída dos animais de piquete. Foi utilizada a quantidade de 64,2 kg de uréia e 18,7 kg/ha ano de Cloreto de Potássio durante o período experimental.

Tabela 1 – Informações referentes ao manejo do pasto de
capim-tanzânia utilizado na terminação de cabritos.

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No pasto foram distribuídos cochos de sal mineral e água para os animais experimentais. Foram utilizados 30 cabritos ½ Bôer: SRD, recém-desmamados, pesando em média 17 kg, com quatro meses de idade. Todos os animais foram vermifugados antes de entrar no pasto e tiveram o controle de verminoses realizado através do método de contagem de OPG (ovos por grama de fezes). Por esse método, a vermifugação é realizada em todos os animais, quando o exame de 10 % do rebanho, apresentar 800 OPG.

Foi fornecida uma suplementação energética composta por milho triturado. O milho triturado oferecido possuía 9% de proteína bruta (PB), 17 % de fibra em detergente neutro (FDN) e 9% de FDA. Estima-se que os animais receberam, em média, uma dieta com aproximadamente 16% de proteína bruta e 80% de NDT.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. Os tratamentos consistiam em cinco níveis de suplementação (0 %, 0,5 %; 1,0 %; 1,5 % e 2,0% do peso vivo), com seis repetições por tratamento.

Avaliou-se por meio de pesagens a cada 14 dias, o ganho de peso. O consumo era medido diariamente, quando os animais recebiam a suplementação. A suplementação era fornecida uma vez ao dia, no horário de 13 h às 16 h, horário em que os animais não estavam pastejando. Os dados foram submetidos à análise de variância. Os
parâmetros significativos pelo teste F, foram submetidos à análise de regressão.


Para avaliar o impacto da suplementação sobre a receita bruta, foram utilizadas equações de regressões, estimandose o nível de suplementação ótimo e comparando com o tratamento sem suplementação, para analisar o retorno econômico dessa tecnologia.

Tabela 2 – Consumo e ganho de peso de cordeiros suplementados com diferentes níveis de suplementação em pasto de capim-tanzânia.

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Resultados e Discussão


Nesse experimento, foram utilizados animais ½ Bôer:1/2 SRD. Na literatura (Sousa, 1998), a média de peso dos machos Bôer puros tem ficado em torno de 25kg aos 100 dias. Neste trabalho, utilizando animais mestiços, foramobtidos pesos finais próximos a 24 kg, mostrando também o potencial da raça em animais F1 Boer:SRD.

No entanto, para que o animal manifeste seu potencial genético, é necessário que o ambiente seja propício para tal. Nesse experimento, os animais mantidos em pasto cultivado (teor de PB 12%, conforme Tabela 1), dispunham de forragem em quantidade suficiente para atendersuas demandas nutricionais de mantença e algum ganho. Essa afirmação pode ser comprovada pela observação do desempenho dos animais que não receberam suplementação (Tabela 2). Esses animais ganharam em média 51 g/dia, o que é bastante expressivo, principalmente na Região Nordeste, onde normalmente os animais perdem peso ao final da estação seca.


A suplementação a energética é uma ferramenta que pode ser utilizada para dar melhor acabamento a animais em terminação (Paulino, 2001), aumentando o ganho de peso diário e reduzindo o tempo de terminação. Nesse experimento, observou-se efeito quadrático (p<0,05) desse tipo de suplementação sobre o peso vivo (Tabela 2). Pela equação de regressão, o máximo peso seria obtido se os animais consumissem 1,45% do peso vivo em suplemento. Nesse nível, o ganho médio diário, que também apresentou comportamento quadrático (p<0,05), ficaria em torno de 83g/cab dia. Esse desempenho se comparado a de ovinos nas mesmas condições (Silva et al., 2004), é baixo. O que mostra, mesmo havendo a introdução de uma raça especializada para corte, que esses animais ainda precisam ser melhorados geneticamente para obter um desempenho melhor. A maioria dos ensaios com desempenho de caprinos é feita em confinamento e nesses trabalhos há relatos de desempenhos superiores a 150g/dia (Sheridam et al., 2003) Entre os aspectos que determina essa superioridade,além da composição da dieta, as exigências de mantença de animais em pastejo são maiores que as exigências nutricionais de animais mantidos em confinamento.

A principal implicação do baixo desempenho obtido neste trabalho, mesmo com uso de suplementação, é de ordem econômica. Nesse experimento, mesmo o ganho de peso e o peso vivo apresentando um comportamento quadrático, o consumo se manteve linear (Tabela 2). Isso significa que, consumindo quantidades cada vez maiores de concentrado, os custos tendem a aumentar sem que haja retorno em termos de desempenho animal. Os dados obtidos com análise da receita bruta da suplementação encontram-se na Tabela 3. É possível observar que ambos os tratamentos se equivaleram, ou seja, nessas condições não seria economicamente vantajosa a suplementação. Pois, ao incluir como custo o salário de um manejador e mais encargos sociais, o custo da suplementação aumentaria em R$ 1.080,00, além dos custos com o suplemento em si, tornando mais viável fazer terminação de cabritos somente com pasto.

É importante destacar que, se o preço do suplemento for menor, ou se houver uma valorização no preço da carne, em função de propriedades funcionais (Leite, 2004), por exemplo, pode ser que o uso da suplementação seja de fato uma vantagem para sistemas de terminação de cabritos em pastagens cultivadas.

Tabela 3 – Simulação do impacto da suplementação sobre a receita bruta final de um lote de cabritos terminados em um
hectare de pasto cultivado.

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Conclusões
O uso da suplementação energética nas condições desse experimento, apesar de apresentar resposta biológica positiva com aumentos de ganho de peso, não foi viável economicamente. Em outras condições, onde o preço do suplemento seja mais baixo e/ou o preço do peso vivo seja maior, talvez essa alternativa possa ser economicamente viável.

Fonte: Comunicado Técnico On line 73 – EMBRAPA

Autores: Ana Clara Rodrigues Cavalcante, Marco Aurélio Delmondes Bomfim, Enéas Reis Leite

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mambrina

 

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Image ID: 1130021

Capra Canis; Capra, Geiss; Caper Hispanicæ; Capra Mambrina, Caper Mambrinæ. ([1655])

Fonte: NYPL Digital Gallery

terça-feira, 13 de setembro de 2011

DESCOMPLICANDO O USO DA CONSANGUINIDADE

A consanguinidade é um método de seleção, que tem como finalidade fixar caractetisticas desejáveis no plantel, sendo definida como sendo o grau de parentesco entre animais que têm ancestrais em comum.

Todavia, muito se comenta quanto aos riscos da prática subjetiva da consanguinidade, sem embasamento zootécnico. De fato, os resultados tanto poderão ser positivos, com base na fixação de caracteres desejáveis, de acôrdo com o programa seletivo, como também resultados negativos, com base na exteriorização de defeitos.

Geralmente, os defeitos manifestam-se em estado de homozigose recessiva. Como a consanguinidade favorece o emparelhamento de genes semelhantes, o resultado tambem poderá ser o emparelhamento dos genes recessivos.

O quanto um filhote é consanguíneo é determinado pela medida do Índice de consaguinidade (I.C.), o qual pode ser calculado através da seguinte formula:

. ........................ (NP + NM)
I.C. = soma de (½) (np+nm) x (½)

NP - numero de gerações paternas, entre o pai do animal até o ancestral comum

NM – numero de gerações maternas, entre a mãe do animal até o ancestral comum que serviu de referência para o calculo do NP

O Índice de Consanguinidade (I.C.) amentará no caso de ser identificado na genealogia mais de um ancestral em comum. Neste caso, os cálculos do NP e NM devem ser feitos em separado para cada ancestral em comum, e o I.C. será o somatório.

Os acasalamentos consanguineos frequentemente praticados estão relacionados na tabela abaixo:

TIPO DE ACASALAMENTO

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Como pode ser notado pela análise da tabela anterior, o Índice de Consanguinidade geralmente será metade do grau de parentesco, exceto nos casos de haver no pedigree mais de um ancestral em comum.
Vejamos como exemplo o parentesco entre pai e filha que é de 50%, porque a filha recebe 50% da bagagem genética do pai e 50% da bagagem genética da mãe. Porém, o I.C. será de 25%. Este mesmo exemplo é ilustrado na árvore genealógica abaixo e aplicando a fórmula de cálculo do I.C.
                D
        B
                C
A
                E
          C
                 F

NP = 1  
NM = 0 
             (1 + 0)
I.C. =   ½             X   ( ½ )
I.C. = ¼ = 25%

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Os riscos da consanguinidade não podem ser 100% evitados, mas podem ser minimizados, através de um programa de acasalamento zootecnicamente analisado. O mérito genético dos ancestrais deve ser considerado como um todo – morfologia, andamento, docilidade, treinabilidade, fertilidade.

Em paralelo, o grau de parentesco dos animais envolvidos no processo reprodutivo também deve ser avaliado, tendo como objetivo evitar a prática de consanguidade estreita.

Em casos de plantéis consanguineos, o método de seleção deve ser o oposto, ou seja, com base na heterose, pelo menos em uma ou duas gerações sucessivas.

Infelizmente, devido ao mal uso da consanguinidade, um numero significativo de selecionadores não alcançam resultados satisfatórios no melhoramento das proles anuais.

Autor: Lúcio Sérgio de Andrade

Fonte: Equicenter Publicações

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cuidados com o rebanho de caprinos e ovinos na estação de chuva

 

Na região Nordeste, onde está concentrado o maior rebanho caprino e metade do rebanho ovino do País, a vegetação da caatinga é constituída de espécies que perdem suas folhas no início da estação seca. Quando começa a chover, há uma rebrota intensa das árvores e arbustos o que aumenta a oferta de alimentos para os animais.

A pesquisadora Nilzemary Lima da Silva explica que no período das chuvas, além de alimentos com maior valor nutritivo, os rebanhos dispõem de maior quantidade de forragem. "Os animais selecionam suas dietas na caatinga. Se forem dadas condições de livre escolha, os ovinos preferem gramíneas e outras herbáceas, enquanto os caprinos consomem maior quantidade de folhas de árvores e arbustos", afirma.

Durante o período das chuvas os produtores precisam ficar atentos aos cuidados específicos que devem ser adotados com o rebanho para evitar prejuízos. Pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, no Ceará, alertam para o manejo sanitário e alimentar nesta época do ano. De acordo com o pesquisador Fernando Alvarenga Reis, é no período chuvoso que as condições de calor e umidade favorecem a proliferação de doenças no rebanho, o que tende a se agravar na medida em que aumenta o número de animais por área. "As doenças vão atingir os animais em pasto ou confinamento que não possuam condições ideais de instalação", afirma Reis.

O mais fatal e oneroso problema continua sendo a verminose. Os principais sintomas são diminuição do apetite, perda de peso, pêlos arrepiados, os animais aparentam aspecto de cansados e ficam constantemente deitados e isolados em função da forte anemia. Sintomas parecidos também ocorrem com a coccidiose ou eimeriose, causada por protozoários.

Outros problemas comuns em condições de umidade são a podridão dos cascos, causado por bactérias, e ceratoconjuntivite (lacrimejamento e opacidade dos olhos). "Existem também as clostridioses e as pasteurelose para as quais são recomendadas vacinações específicas de acordo com um calendário e orientações dos laboratórios que produzem estas vacinas", explica o pesquisador.

Ele afirma que o controle de verminose é feito com o monitoramento por exames de fezes e cor da mucosa ocular. Deve-se vermifugar os animais assim que aparecerem os primeiros sintomas e adotar o rodízio de pastos respeitando o período mínimo de desocupação e descontaminação.

"Usar rebanho bovino para pastejar a área dá bons resultados porque bovinos e ovinos não partilham os mesmos parasitas", explica. Para a podridão dos cascos existem vacinas, mas sua eficácia é relativa. Casos têm sido relatados que ora funcionam, ora não e parecem surtir melhor efeito a partir da terceira e quarta aplicação. A ceratoconjuntivite deve ser prevenida com a adoção de cuidados higiênicos. "É importante existir na propriedade um local para isolamento dos animais acometidos por qualquer tipo de doença", afirma Reis.

Os pesquisadores recomendam uma reserva de alimento de forma a que o rebanho possa receber um bom acompanhamento nutritivo no período de estiagem. E nesse caso, o ideal é que o produtor aproveite o período de chuvar para preparar o alimento para o rebanho. "Deve-se armazenar alimentos de boa qualidade por meio dos processos de fenação e ensilagem, com isso o produtor poderá fazer a suplementação alimentar a fim de evitar a perda de peso dos animais. Outra vantagem é a possibilidade de produzir no período de entresafra estabilizando a disponibilidade de produtos de ovinos e caprinos para o mercado", explica Nilzemary.

Outra opção é a formação de um banco de proteínas, que deve ser constituído de leguminosas como a Leucena, Gliricídia e Jurema Preta. "Estamos falando de forrageiras para as condições do semi-árido nordestino. Para outras regiões são outras plantas para as quais há manejos diferenciados e condições específicas de produção, mas que também podem ser armazenadas em forma de fenação e ensilagem".

A forrageira para feno deve ter alto teor de proteína (leguminosas), agradável ao paladar; deve ser cortada antes da floração e de acordo com o intervalo de corte apropriado. Após o corte, a forragem deve ser espalhada em camada fina, para secagem uniforme. No caso de leguminosas, a secagem deverá ser feito à sombra, para se reduzir a queda das folhas. A forragem deve ser revirada periodicamente, para facilitar a secagem. Observar o ponto de feno e acondicionar em fardos, em sacos ou medas.

Para se conseguir uma silagem de boa qualidade, deve-se atentar para o valor nutritivo da forrageira e rendimento de quilograma de massa verde por hectare. Entre as gramíneas, destacam-se o milho, o sorgo e o capim-elefante. A forrageira deve ser cortada sempre antes da floração e de acordo com o intervalo de corte apropriado. No caso de milho ou sorgo, efetua-se o corte quando os grãos estiverem de leitosos a farináceos. O transporte da forragem para o local do silo é uma operação onerosa. Assim, deve-se escolher o local do silo em função da localização da área de produção da forragem e do estábulo. O material deve ser triturado e desintegrado, a fim de permitir uma melhor compactação e uma maior exposição para a fermentação. A compactação é a fase mais importante no processo da ensilagem. A vedação deve ser completa, a fim de proteger a silagem contra a penetração de água e de ar.

Fonte: Nordeste Rural

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mambrina

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Desenhos do Natural History, No. LXVI

O Bode Sírio

Em uma edição passada (ccccxciii) foi inserida um histórico dos caprinos: não seria desinteressante para o leitor ver uma ilustração da variedade síria desse animal. É particularmente incrivel por suas grandes orelhas pendentes, que não raramente passam de 30 centímetros. O pêlo é longo, fino e de aparência brilhante. Este sempre foi um artigo considerável de comércio e manufatura. Os chifres, pelo contrário, são curtos, geralmente não mais do que sete centímetros em comprimento. A quantidade e excelência do leite dessa espécie de caprinos é particularmente notável. Uma referência parece ser feita a eles em Prov. xxviii.27: ”E tu deverá ter leite de cabra suficiente para sua comida, para a comida da sua casa e a manutenção das suas moças”.

Dr. Clarke relata no seu “Eastern Travels” um momento singular da docilidade e destreza do caprino. “Na estrada que percorriamos (ele estava entre Jerusalem e Belém) encontramos um àrabe com um bode, que ele levava pelo campo por exibição. Ele havia ensinado esse animal, enquanto ele acompanhava seus movimentos com cantigas, para subir em pequenos blocos cilindricos de madeira colocados um sobre o outro, e de uma forma que lembra dados em um tabuleiro de backgammon. Dessa maneira o bode pisava primeiro em cima de um cilindro, depois em cima de dois e depois três, quatro, cinco e seis, até que estivesse balanceado sobre todos eles, elevado vários pés do chão e com suas quatro patas juntas em um único ponto, sem fazer desabar a estrutura abaixo. Essa prática é bem antiga. Nada pode demonstrar de forma mais marcante a tenacidade que esse quadrupede possue nas patas para lidar com superficies rochosas, e a circunstância de sua capacidade de se manter assim posicionado pode tornar sua aparência menos surpreendente, como é algumas vezes visto nos alpes, e em todos os países montanhosos, com quase nenhum local para colocar suas patas, nas laterais e nas beiradas dos maiores dos precipícios. O diametro do cilindro no qual suas patas ficavam até que o árabe terminasse sua cantiga era de apenas duas polegadas, e o comprimento de cada cilindro era de seis polegadas”.

Fonte: The Church of England magazine, Volume 23

Por Church Pastoral-aid Society, London

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mambrina

 

The Syrian Goat-Capra Hircus - The Society for the Promotion of Christian Knowledge  1843 by Josiah  Wood Whymper

Josiah Wood Whymper
The Syrian Goat-Capra Hircus
The Society for the Promotion of Christian Knowledge 1843

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mambrina e outros Caprinos

 

10. O Mambrina ou bode Sírio, com orelhas caidas bem longas é uma variedade do bode Angora. Portanto esses animais são apenas diferentes raças da mesma espécie que foram produzidos pela influência do clima. Caprae in multas fimilitudines transfigurantur, disse Pliny. Na verdade, apartir dessa enumeração é aparente que os caprinos, mesmo que essencialmente similares uns aos outros, variam enormemente na sua aparência externa; e, se nós entendermos, assim como Pliny, que sob o nome genérico Bodes, está incluso não só aqueles que já mencionamos, mas também cabrito-montês, antilopes, etc, essas especies seriam as mais extensivas na natureza e contém mais raças e varedades que as dos cachorros. Mas Pliny, quando juntou o antilope, o cabrito-montês, etc,  nas espécies de caprinos demonstrou sua ignorância sobre a real definição de espécies. Esses animais, embora se pareçam com os caprinos em muitos aspectos continuam sendoduas espécies;

 

 

Fonte: Natural history, general and particular, Volume 6, Por Georges Louis Leclerc Buffon (comte de)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mambrina No Brasil

 

1898 – A Raça Mambrina foi introduzida no Brasil  por meio da empresa Hagenbeck. poucos animais ficaram registrados em fotografias, exibindo longos pêlos e coloração negra, ainda em poder da familia Lutterbach. Eram animais da variedade Siria Montanhese. Teria o pioneiro josé José Júlio Lutterbach alguma intenção de seleção? Talvez sim, mas com o passar do tempo – a Mambrina desapareceu do Rio de Janeiro. A revista brasileira de Caprinos & Ovinos mantém algumas fotografias dos primeiros animais introduzidos no Brasil, cedidas pela familia Lutterbach.

1910 -  Escreve G. Corlett (1971): "Sobre os animais entrados antes de 1925, não pudemos encontrar dados fieis mas sabemos que desde 1910, mais ou menos, o Brasil começou a importar caprinos, tendo figurado nestas primeiras importações as raças Toggenburg, Saanen, Acamurçada, Valaisiana ou Schwartzals, provenientes da Suiça e da França, as raças de Múrcia e Malta vindas da Espanha e as Angorá, Nubiana e Mambrina, do Oriente. As escassas verbas do ministério permitem acreditar que, no máximo, todos os animais entrados antes de 1925 não somem o total da tabela.”

1932 – Um fato memorável foi a importação da década de 1930, pelo então governador Landulfo Alves, uma das maiores inteligências no setor agricola baiano. Ele entendia de ecologia. Trouxe os bovinos Schwyz e Guzerá, o caprino mambrina e o ovino Bergamancio – afirma Emerson Figueiredo Simões. Buscava assim a genética de outras fontes: a mamber (Siria Montanhesa), Sudanesa (Africa) e Somalis (Africa) que geralmente provaram ser decepcionantes como raças puras, naqueles dias, mas com alguns resultados interessantes na progênie de cruzamentos. A Anglo-Nubiana (então conhecida no Brasil simplesmente como Nubiana) e a Siria Montanhesa (ou Mambrina, embora pudesse ser a raça Damasco) realmente acrescentaram tamanho e peso na carcaça da progênie cruzada com Crioula.

1940 – Na Bahia já havia muito Mambrina em 1940 e ali se tornou um patrimônio genético do estado. De fato, o Mambrina é hoje uma riqueza da Bahia, com dezenas de criadores entusiasmados e centenas de exploradores. Afinal, o Mambrina garante grande porte, boa aptidão leiteira nas fêmeas, muita rusticidade e fácil manejo. O Mambrina garante tudo que é preciso numa moderna criação de caprinos de dupla aptidão.

1948 – Depois de vários ataques, ficou decidido em reunião entre a Secretaria de Agricultura da Bahia, representantes do Comércio de Couros e Peles, e diversos técnicos estaduais e federais, que não mais deveriam ser estimuladas criação de qualquer raça de ovinos lanados e caprinos peludos, pois isso estava sendo um desastre para a industria baiana de couros e peles. Mesmo sendo apontado como maléfico por ser peludo, o Mambrina reagiu, segregando individuos visivelmente deslanados, como prova da inteligência do criador brasileiro. O Angorá caminhou para a quase extinção, a Toggenburg restringiu-se à produç]ao de leite. Foram aconselhadas, nessa ocasião, as criações de raças como Marota, Moxotó e Repartida.

 

Fonte:A Cabra e a Ovelha no Brasil, por Rinaldo dos Santos

sábado, 18 de junho de 2011

A carne de bode está fazendo sucesso nos Estados Unidos

 

A carne de bode, quem diria, está fazendo sucesso nos Estados Unidos. Na retrospectiva 2008 da “Time”, ela figura entre uma das tendências da gastronomia. Embora seja relativamente difícil de ser encontrada naquele país, segundo a revista, sua carne magra vem conquistando comensais, e algumas propriedades da Califórnia já criam animais para fins comerciais, permitindo que chefs sirvam em seus restaurantes pratos como linguiça de bode e cabrito assado.


Apesar de a relação de parentesco não estar explícita nos nomes, cabrito é a cria do bode; o animal jovem, com carne mais úmida e menos gordurosa. No Nordeste e em alguns restaurantes de cozinha regional em São Paulo, como o Mocotó, o bode atrai a atenção no cardápio, mas é o cabrito quem entra na panela. A brincadeira é um resquício do tempo em que se costumava abater animais velhos o que desencadeou, também, a fama de ser uma carne malcheirosa.


Para o pesquisador Evandro Vasconcelos Holanda Júnior, da Embrapa Caprinos e Ovinos, o preconceito deriva provavelmente de questões culturais, do odor característico dos animais de idade avançada e do fato de a espécie ser explorada em áreas de baixo desenvolvimento os rebanhos se concentram no Nordeste do país, onde a carne é mais apreciada. “Hoje, contudo, vem aumentando o abate de animais jovens, ea carne caprina passa a ser vista como saudável em função de sua composição nutricional”, afirma.
Um dos maiores diferenciais da carne caprina é o baixo teor de gordura: a cada 100 gramas, contém 2,76 gramas, contra 3,75 gramas na de frango sem pele e 17,14 gramas na bovina. Também é uma carne rica em ferro, mineral cuja carência pode causar anemia e atraso no desenvolvimento das crianças: são 3,54 gramas, o dobro da quantia encontrada na carne de frango.


Os caprinos foram domesticados por volta do século 8º aC, na mesma época que os ovinos, no sudoeste da Ásia. Ao Brasil, chegaram com os colonizadores portugueses, no século 16.


No Entre Amigos são muitas opções com carne de cabrito, entre elas o Pernil Baby Marinado no vinho e ervas finas que utiliza um corte especial do pernil do animal. O prato está participando no Festival Brasil Sabor que segue até o dia 31 de maio.


Fonte: portal GP1

terça-feira, 17 de maio de 2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mambrina

 

A maioria das pessoas nem imagina que a famosa manteiga “Alepo” – uma das melhores do mundo – é preparada com o creme do leite da cabra Mambrina . Além do grande porte, a Mambrina tem o leite. Este é um formidável patrimônio genético brasileiro que pode alicerçar a pecuária de grande porte do futuro. image

Origem O grupamento da cabra Síria Montanhesa é comum na Síria, Líbano, Jordânia e nordeste de Israel. Recebe muitos outros nomes locais, como: Preta Beduína, Djelab, Mamber, Negra da Síria, Palestina, Montanhesa , etc. A altura é de 70–80 cm, podendo chegar a 75–90 cm. Produz carne, leite e pêlos. A Síria e a Palestina mantêm rebanhos leiteiros da variedade Mamber . A variedade Samar , do noroeste da Síria, chegou a produzir 9 litros !

Segundo citação de Crepin e Egaña (in Castro, p. 194), a Mambrina apresenta orelhas que podem chegar a 40- 45 cm . É uma grande leiteira, de extrema rusticidade, a ponto de poder concorrer, mesmo no Egito, com a Nubiana . Pode apresentar pêlos compridos, chegando a 20- 25 cm – dando lucros para quem tem mercado para eles. Esta cabra grande de nariz romano, orelha pendente, de cor marrom-avermelhada, é conhecida na Síria há cerca de meio século, embora alguns estudiosos afirmem que a Mambrina existe há séculos.

Há pelo menos duas grandes variedades de Mambrina : 1) a Samar , que é a variedade mais antiga, procedente da zona compreendida entre Mosal e Bagdad, nas ribeiras do Tigre: 2) a Damasquina , ou Damasco , na região de Damasco e, em cujos arredores é mais encontrada. Existem muitas subvariedades.

Para melhorar o grupamento da Mambrina , foi levado um lote da variedade Damasco para um projeto de criação em Chipre, desde 1970, localizado próximo a Nicósia e Pafos. O projeto é administrado pelo Ministério de Recursos Animais que vem multiplicando as fazendas particulares receptoras de animais superiores. Uma parte dos animais é exportada também para Síria e outros paises no Oriente Médio.

Com subsídios para estimular os produtores e extinguir as cabras locais, o governo tornou a Damasco bastante popular em Chipre. Há uma desvantagem, todavia: a Damasco exige boa alimentação para manter sua elevada produtividade. A média, depois da desmama, é de 500- 550 kg no rebanho de elite do governo.

No Brasil - Foi introduzida no Brasil, no final do século XIX por meio da empresa Hagenbeck. Poucos animais ficaram registrados em fotografias, exibindo longos pêlos e coloração negra, ainda em poder da família Lutterbach. Eram animais da variedade Síria Montanhesa . Teria o pioneiro José Júlio Lutterbach alguma intenção de seleção? Talvez sim, mas – com o passar do tempo – a Mambrina desapareceu do Rio de Janeiro.

Um fato memorável foi a importação da década de 1930, pelo então governador Landulfo Alves, uma das maiores inteligências no setor agrícola baiano. Ele entendia de ecologia. Trouxe os bovinos Schwyz e Guzerá, o caprino Mambrina e o ovino Bergamácio - afirma Emerson Figueiredo Simões (Fazenda Terra do Sol, Feira de Santana , BA)

Na Bahia, portanto, já havia muito Mambrina em 1940 e ali se tornou um patrimônio genético do Estado. De fato, o Mambrina é uma riqueza na Bahia, com dezenas de criadores entusiasmados e centenas de exploradores. Afinal, o Mambrina garante grande porte, boa aptidão leiteira nas fêmeas, muita rusticidade e fácil manejo. O Mambrina garante tudo que é preciso numa moderna criação de caprinos de dupla aptidão.

Modernamente, o Mambrina da Bahia já vem sendo exportado para São Paulo, Goiás, Mato Grosso e vários Estados nordestinos.

Segundo Benedito Vasconcelos (2000, p. 63) a Mambrina também é chamada de Indiana ou mesmo de Zebu , talvez devido às grandes orelhas. As cabras são boas leiteiras e produtoras de carne e pele, chegando a 2- 4 kg de leite/dia com 4% de gordura, com longo período de lactação. É rústica e própria para climas quentes. Sua produção de leite, se selecionada, pode ser pouco menor do que a das raças melhoradas européias como Saanen, Toggenburg e Parda Alpina . O leite é saboroso, com alto teor de gordura e não possui odor hircino. Benedito Vasconcelos afirma que “a Mambrina leiteira é a única raça tropical com tal aptidão, não cruzada ainda com homóloga para estimular a função lactígena. Isso demonstra que a raça evoluiu, no Brasil, estando hoje superior ao Mambrina da terra de origem, a Síria”.

Cruzado com o Anglo-Nubiano e cabras comuns produziu a raça Jacuípe que poderá alavancar a criação de animais de grande porte em todo país (Ver raça Jacuípe).

O Mambrina , portanto, é uma realidade de fácil exploração comercial.

Discussão – Existem dois tipos de Mambrina , o de pêlo curto e o de pêlo longo. Não se sabe qual o melhor, pois há famílias grandes e leiteiras em ambos. A escolha caberá ao criador, de acordo com as condições de sua propriedade.

Hoje existem dois núcleos bem distintos: o da Bahia e o do Rio Grande do Norte. Daí que têm surgido animais com chifres pouco torcidos, até arredondados no lugar dos tradicionais chifres chatos, retorcidos e trefilados. Também têm surgido animais com diferente direcionamento dos chifres. Quanto às orelhas sempre existiu uma enorme discussão, uma vez que muitos indivíduos trazem uma remota lembrança da raça Jamnapari indiana. O Mambrina , por exigência do padrão racial, deveria apresentar orelhas pendentes, em forma de folha seca, muito ramificada e bem espalmada. Cabe lembrar, no entanto, que na terra de origem são muitas as variedades, apresentando diferenças substanciais na forma das orelhas. Por que o Brasil teria que ser tão exigente?

Na verdade, existe muito pouco Mambrina e muita exigência do Registro Genealógico. Os criadores poderiam tratar de fomentar a raça - que é o grande patrimônio histórico da Bahia e, quiçás, do Nordeste - ao invés de continuarem gastando anos em acirrados debates que não levam ao incremento do criatório nacional. Pelo contrário, levam à sua redução.

Luciano Vilar comandou a raça Mambrina por um longo tempo, mantendo milhares de animais em criação, na região de Jacobina (BA), mas acabou se aborrecendo com a pressão e ignorância dos técnicos de Registro, liquidando a maior criação do Brasil. Um triste exemplo.

Situação - O rebanho estimado em mestiçagem é de 50.000 cabeças. Calcula-se que existam cerca de 3.000 cabeças classificáveis como “puras de origem” (PO), as quais são aptas para receberem um Certificado de Fundação. Depois de reunidos 5.000 animais com Certificado de Fundação, poderá ser homologado um Livro de Registro Genealógico, com alguns dados de desempenho funcional. A situação do rebanho exige atenção.

Padrão da Raça Mambrina


Aspecto Geral - Sempre de grande porte, animais rústicos, com longas e largas orelhas e chifres espiralados. A pelagem admite todas as cores e variações.

Aptidões – Carne, pele e leite.

Cabeça – Grande, forte e larga. Os machos apresentam cabeça em cunha e focinho um pouco comprido, fronte larga. Perfil subconvexo nos machos, admitindo-se o retilíneo nas fêmeas. Orelhas longas, largas, espalmadas, pendentes, caídas sobre a face, ultrapassando o focinho, apresentando uma curva para dentro, e para fora nas extremidades. Admitem-se as orelhas menos longas, ultrapassando o focinho. Chifres nos machos: longos, saindo para os lados em espiral para cima e para trás. Nas fêmeas, os chifres são espiralados e dirigidos para trás. Admite-se a descorna. Olhos salientes, cinzentos, castanhos ou pretos; admitindo-se os azulados.

Pescoço – Musculoso, bem implantado, com ou sem barbela. Nas fêmeas: mais delicado.

Corpo - bem conformado, longo e profundo. Peito profundo e largo. A linha dorso-lombar é reta, o tórax é largo e profundo e o ventre é amplo e arredondado. As ancas e garupas são largas.

Membros - Medianos, fortes e bem aprumados, embora muitos animais apresentem membros longos. Cascos fortes, coloração de acordo com a pelagem.

Úbere - Bem conformado e macio, volumoso e globular. Tetas desenvolvidas e bem conformadas.

Pele - Flexível, média, predominando a cor escura. Mucosas escuras ou mais claras, de acordo com a pelagem.

Pelagem – Todas as variações possíveis. As mais frequentes são a preta, vermelha, amarela, branca e malhada. Os pêlos são lustrosos e de comprimento mediano no tronco; e curtos na cabeça, orelhas e extremidades dos membros.

Defeitos específicos - Cabeça pequena. Perfil côncavo ou ultraconvexo. Orelhas que não ultrapassam o focinho, estreitas e dobradas. Animais geneticamente mochos. Pelagem similar à da raça Toggenburg. Mucosas despigmentadas.

Altura média – Fêmeas: 60- 80 cm . Machos: 70- 90 cm .

Peso médio - Fêmeas: 50- 70 kg . Machos: 70- 90 kg , podendo chegar a mais de 100 kg .

 

Fonte:A Cabra e a Ovelha no Brasil, por Rinaldo dos Santos

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Mambrina na Enciclopédia de 1791

 

Encontrei essa foto de uma das páginas da Enciclopédia Real Inglesa de 1791 (London. Royal Encyclopedia. 1791). O primeiro animal da página é um Mambrina ou Bode Sírio.

 Mammalia...Mambrina or Syrian Goat. Rupicapra or C

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Caprinocultura no Brasil: algumas estatísticas e evidências

 

A influência do setor agropecuário na economia brasileira é inquestionável. Levando-se em consideração as séries estatísticas históricas, observa-se que o setor primário tem respondido por volta de 10% de toda a riqueza gerada no Brasil. Quando se computam todos os setores que são impactados, ou seja, quando são consideradas todas as transações que ocorrem ao longo das cadeias produtivas, no que se costuma chamar de agronegócio, historicamente observa-se que em torno de 30% do que é produzido no Brasil tem origem, de alguma forma, na agropecuária.

Segundo dados do Censo Agropecuário Brasileiro de 2006, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil, cerca de 32 milhões de pessoas moram na zona rural, sendo que 47% da população rural brasileira vivem na região Nordeste. Ou seja, cerca de 15 milhões de pessoas vivem na zona rural do semiárido nordestino. A segunda região com maior população rural é a região Sudeste que abriga 6 milhões de pessoas nos seus diversos recantos. É sabido que a renda de um estabelecimento rural no Nordeste gera a metade da renda bruta de um estabelecimento do Sudeste, reforçando a desigualdade e assimetria social e econômica do Brasil.

Diante do cenário de desigualdade e de falta de oportunidade que caracterizam o Brasil, em especial o meio rural, urge a necessidade de se encontrar alternativas viáveis de geração de emprego e renda para as diversas regiões do país. A caprinocultura apresenta-se como uma dessas alternativas que pode ser utilizada para mudar o cenário de pobreza que tem caracterizado a zona rural do Brasil ao longo da história.

A caprinocultura é uma atividade que pode ser explorada em qualquer um dos 5.554 municípios brasileiros. Segundo o Censo Agropecuário de 2006, existem 7.109.052 cabeças de caprinos no Brasil que estão espalhadas por todas as 508 microrregiões brasileiras. Existem 286.553 estabelecimentos que criam caprinos no Brasil, resultando em um número médio de 25 animais por estabelecimento. De outro lado, os 18.008 estabelecimentos que produzem leite de cabra prospectaram em 2006, cerca de 21.275.000 litros de leite, indicando que cada estabelecimento produz 1.181,41 litros por ano. Transformando em produção diária, observa-se que cada propriedade produz, em média, cerca de 3,24 litros de leite de cabra por dia.

Isto posto, pode-se concluir que a caprinocultura é uma atividade predominantemente de pequenos e médios produtores e que pode ser estimulada em todos os municípios brasileiros, do Oiapoque ao Chuí. Logicamente, levando-se em consideração as aptidões naturais inerentes a cada região. Portanto, a criação de caprinos apresenta-se como uma alternativa viável de geração de emprego e renda e como uma ferramenta eficiente para diminuir a concentração de renda no Brasil, em especial no meio rural. Para tal, faz-se necessário que os tomadores de decisões políticas vislumbrem e acreditem nas oportunidades proporcionadas pela atividade.

17/01/2011

Fonte:Embrapa Caprinos e Ovinos

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mambrina

Aprisco

Caprino da raça Mambrina

Fonte: Aprisco

Raça originária da Síria e Palestina. É também chamada, no Brasil, de "Indiana" ou "Zebu"

A raça Mambrina foi introduzida no país no final do século XIX, por meio da empresa Hagembeck. Alguns desses animais, de longos pêlos e coloração negra, ficaram registrados em fotografias da família Lutterbach.


Os plantéis desta raça surgiram na Bahia na década de 1940, e logo se tornaram o maior patrimônio caprino baiano. A raça conta com dezenas de criadores entusiasmados e centenas de exploradores. Há bons consumidores em São Paulo, em Goiás, no Mato Grosso e em vários estados nordestinos.


Possui cabeça em cunha seca, distinta, forte e larga, com perfil subconvexo. O chanfro é direito na fêmea e ligeiramente bombeado no macho. O lábio superior é, às vezes, proeminente. Os olhos são expressivos, mansos, de cor azul celeste. São geralmente mochos, mas esta característica não é racial; quando possuem chifres, principalmente nos machos, estes são longos, saindo para os lados em espiral, para cima e para trás, enquanto nas fêmeas é espiralado e dirigido para trás, lembrando um pouco os da raça Angorá.


As orelhas são grandes/longas, largas, pendentes, atingindo até 40 cm de comprimento por 10 a 15 cm de largura, espalmadas, ultrapassando o focinho, apresentando uma curva para dentro e para fora da extremidade, com a ponta pregueada e retorcida para fora. O corpo é um pouco mais compacto que na cabra Nubiana, com as costas direitas, as costelas cinturadas, a garupa ampla e tão direita quanto possível.


O ventre é desenvolvido na cabra e o peito é largo e musculoso no bode. Úbere volumoso, de forma globular. Tetas de grossura variável, de preferência fortes. Membros altos, fortes, direitos e secos. A pelagem é variável, negra, castanha, amarelada, cinzenta e suas combinações em malhas. Os pêlos são cerrados e lustrosos, havendo animais tanto de pêlos curtos como compridos. Neste último caso, os pêlos compridos dominam no terço inferior do corpo, sendo curtos os da cabeça, orelhas e extremidades dos membros. No Brasil, os animais de pêlos curtos são preferíveis e evidentemente mais comuns, por serem mais adaptados ao clima.


Seu pelo médio é de 40 kg, na fêmea, e 60 kg no macho. A estatura vai de 70 a 75 cm na cabra e 80 a 90 cm no macho. As mucosas são escuras e a pele é flexível e predominantemente escura.


Esta raça é especializada na produção leiteira, mas tem bom potencial para a produção de peles e de carne. Produz diariamente de 2 a 4 litros de leite com 4% de gordura, com os quais se fabricam, no oriente, queijos e a conhecida manteiga de Alepo. O leite tem bom paladar, pois não possui odor hircino. É uma cabra muito rústica, de grande porte e fácil manejo. Adapta-se sobretudo às regiões agrestes, quentes e secas, como no Nordeste e Centro do Brasil, onde tem prosperado.


Muito prolífica, tem até dois partos por ano, quase sempre de dois cabritos. As melhores parições acontecem  no Brasil Central, na primavera. Seu temperamento é calmo. Os cabritos são sadios, fortes e resistentes, não necessitam de cuidados especiais para se desenvolverem bem. A carne é saborosa e muito apreciada. Em cruzamento com nossos caprinos comuns, dá mestiços maiores e mais leiteiros. É uma das raças mais recomendáveis para uma extensa região do nosso país.


Destinação: Carne, Leite, Pele
Região mais adequada: Nordeste, Centro-oeste e Sudeste brasileiro

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Caprinos do Nordeste: uma visão realista

 

Os primeiros animais domésticos chegaram ao Brasil na época da colonização. Os animais trazidos da Europa não tinham especificação de raça, conceito desconhecido naquela época. Segundo historiadores, tratava-se de animais de pequena estatura e rústicos, para comerem pouco e sobreviverem durante o trajeto marítimo até a América.


Durante anos convivendo com as condições adversas do sertão nordestino, estes animais que aqui se estabeleceram adquiriram características de adaptação e resistência ao calor, essenciais para a sobrevivência. Assim sendo, tais animais formaram diversos grupos com características próprias, isolados geograficamente em seu habitat, dando origem aos ecotipos nordestinos. O desenvolvimento destas raças locais deu-se mais através do isolamento genético e da seleção natural do que pela intervenção do homem.


Desses animais, cinco ecotipos são citados: Moxotó, Marota, Canindé, Gurguéia e Repartida. Dentre esses grupos, talvez o mais tradicional seja a raça Moxotó, originária de Pernambuco, homologada em livro de registro como raça desde 1977. Segundo dados da literatura, são os tipos Repartida e Marota que se encontram em estado mais crítico de preservação. As características principais inerentes aos tipos naturalizados de caprinos são a rusticidade, a prolificidade e a alta qualidade do couro.
Nos últimos cinqüenta anos, o processo de modernização da atividade agropecuária foi fomentado por agencias de desenvolvimento regional que, utilizando enfoques reducionistas da realidade rural, apoiaram vários projetos oficiais visando incentivar de forma sistemática a importação de animais e material genético. Tais aplicações de recursos públicos aceleraram a erosão da biodiversidade caprina do Nordeste brasileiro.


Pesquisa
Pecuaristas que valorizaram a criação tradicional conservaram para o futuro animais ditos naturalizados, termo usado considerado que são descendentes dos tipos trazidos ao País na época da colonização. No mundo científico, grupos liderados pela FAO iniciaram o processo de monitoramento da biodiversidade agropecuária ao constatarem o avanão no processo de erosão genética.


A razão para esse esforço de conservação na Europa é manter a flexibilidade para atender a mudanças de demanda do mercado e do sistema produtivo. No Brasil, a Embrapa Recursos genéticos e Biotecnologia (Brasília - DF) lanãou o que hoje se denomina Rede Nacional de Recursos genéticos (RENARGEN), abraçando e gerenciando vários projetos preexistentes nas Unidades descentralizadas da Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).


A Embrapa Meio Norte (Teresina - PI) iniciou o primeiro núcleo de conservação do Piauí em 1980, no município de Castelo do Piauí. Nessa base física a Unidade mantém 200 representantes de caprinos Marota, que podem representar o último grande rebanho desae ecotipo do Brasil. Em 2005, mais um núcleo foi incorporado ao patrimônio da Embrapa Meio-Norte. O rebanho Cabra Azul com 48 animais adultos constituíram o núcleo de conservação da Cabra Azul, ecotipo também fortemente ameaçado.


A reserva estratégica de tal patrimônio, repositório de genes inerentes a rusticidade e adaptação, pode garantir a sobrevivência da atividade para os pequenos agricultores familiares. A avaliação do genoma de animais autóctones, pela sua caracterização molecular, fornecerá informação necessária a programas de melhoramento genético no futuro, com grande utilidade para o pequeno e médio produtor rural da região, fornecendo-lhe carne, leite e pele sem a necessidade de grandes investimentos.
Sendo assim, a Embrapa Meio Norte consolida-se como uma importante instituição de pesquisa na conservação de recursos genéticos, principalmente, para a pecuária sustentável do semi-árido.


Atualidades
Hoje, com uma visão mais sistêmica do meio rural do Nordeste, vislumbra-se prejuízos ecológicos e sociais da perda da diversidade de recursos genéticos. Os sistemas de produção tradicionais, ecológicos e no âmbito da agricultura familiar são grandes beneficiários dos recursos genéticos autóctone, agregando valor social e ambiental aos produtos originários dos caprinos naturalizados. A possibilidade de agregar valor ao caprino através de certificações de origem acenam com umfuturo promissor para os ecotipos caprinos do Nordeste.


Curiosamente, observa-se um fluxo contínuo desse patrimônio genético para os rebanhos particulares. Os criadores do Nordeste começam a se mobilizar em associações de raças naturalizadas e algumas feiras e exposições desses animais começam a aparecer no cenário do agronegócio.


O preço de mercado de bons animais naturalizados chega a ser competitivos com o das raças importadas já estabelecidos, como a Anglo-nubiana. Tal mudança pode ser favorável para retirar o recursos genético do perigo de extinção, pois a preservação privatizada “on farm” é uma estratégia de conservação muito eficiente e auto-sustentável.


Entretanto, o sistema de produção tradicional, quase absoluto em algumas áreas com restrições severas de acesso à água e alimentação, embora atingido pela onda de cruzamentos apregoadas por agentes de desenvolvimento, está longe de não depender de recursos genéticos autóctones.


Ao contrário, começa a haver uma deterioração completa de sistemas de produção até então recomendáveis, porém insustentáveis na sua aplicação. Assim, as pesquisas na área de melhoramento genético precisam avançar rapidamente para contornar essa falsa teoria de que a incorporação maciça de recursos genéticos gerariam sistemas produtivos eficientes para o semi-árido.


Estudos avaliando a eficiência (inclusive econômica) dos sistemas de produção sustentáveis, com recursos autóctones melhorados para o semi-árido, devem ser estimulados, como forma de garantir a sustentabilidade da produção e a conservação dos caprinos autóctones para todos.

 

Fonte: Embrapa (05/12/2005)

Autora: Adriana Mello de Araújo

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

VEM AÍ A FEINCO 2011

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VEM AÍ A FEINCO 2011 - O MAIOR ACONTECIMENTO DA OVINO-CAPRINOCULTURA DA AMÉRICA LATINA

De 21 a 25 de março, o Centro de Exposições Imigrantes, na capital paulista, recebe a Feinco 2011 – 8ª Feira Internacional de Caprinos e Ovinos. Maior feira indoor do setor especializada em Ovinos e Caprinos da América Latina, a Feinco é ponto de encontro de criadores de várias regiões do País e também atrai a presença de visitantes estrangeiros. “Referência no setor, a Feinco é uma feira consolidada”, afirma Décio Ribeiro dos Santos, diretor do Agrocentro, empresa promotora da exposição.
Em um espaço de 50 mil metros quadrados, serão expostos mais de 4.000 animais de 20 raças diferentes, dentre estas, Santa Inês, Ile de France, Suffolk, Merino Australiano, Bergamácia, Romney Marsh, Border Leicester, Lacaune, Karakul, Texel, Dorper, Poll Dorset, Hampshire Down, Crioula, Boer, Saanen, Alpina, Anglo Nubiana, Toggenburg, entre outras.


O Agrocentro espera receber mais de 30 mil visitantes, entre criadores, empresários, técnicos, zootecnistas, veterinários, estudantes e outros profissionais interessados pela caprinoovinocultura. Estão previstos mais de 100 eventos paralelos que têm como ponto alto o Congresso Internacional, com participação de renomados especialistas brasileiros e internacionais.


Este ano, com uma movimentação de mais de R$ 10 milhões nos leilões, o evento apresentou um crescimento expressivo com relação a 2009. Estes números comprovam a vocação brasileira para a criação de ovinos e caprinos e consolida São Paulo como grande pólo de geração de negócios no setor.


Além de 250 criadores, mais de 180 empresas, vão expor produtos e serviço. Já confirmaram presença empresas de nutrição animal; genética; produtos veterinários; adubos e fertilizantes; sementes; defensivos agrícolas; máquinas e equipamentos; implementos agrícolas; frigoríficos; órgãos de pesquisa e desenvolvimento; insumos para agropecuária; balanças, cochos e troncos; veículos utilitários; bancos, seguradoras e universidades; e informática e internet.


Além da Feinco, o Agrocentro promove a Feicorte – voltada para a cadeia de corte, e a Feileite – com foco na cadeia produtiva do leite.


Contato Feinco
Agrocentro
www.feinco.com.br
feinco@agrocentro.com.br
Tel. (11) 5067-6770
Imprensa
Beth Mélo – beth@publique.com
André Luiz Casagrande - andre@publique.com
Grupo Publique
Tel. (11) 3063-1899
Alameda Itu, 1063, 2º andar - Cerqueira Cesar, São Paulo, SP - CEP 01421-001

11/01/2011 - www.feinco.com.br

Mambrina

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- Raça MAMBRINA

Origem: Raça originária do Oriente próximo.


Características Gerais: A raça Mambrina é também conhecida com
Cabra Síria, Indiana ou Zebu. Há a variedade Samar das regiões de
Mossul de Bagdá e a Damasquina, da Síria, que tem sangue Nubiano
nas veias. Os bodes são recomendados para cruzamentos com as
nossas cabras pé-duro.


Aptidão: Mista de carne e leite, produz mais de dois litros de leite por
dia, com longo período de lactação.

Fonte: SEAB

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Hobby ou Negócio?

 

GERENCIAMENTO DE UMA FAZENDA DE SELEÇÃO:

UM HOBBY OU UM NEGÓCIO ?

O sucesso de um empreendimento com animais requer prática tanto de normas de gerenciamento de negócios, como conhecimentos da “Indústria Rural”.  O administrador da fazendas precisa conhecer o animal (sua idiossincrasias e problemas), assim como detalhes de contabilidade.  Do mesmo modo que em outras atividades agrícolas, um apropriado e agressivo gerenciamento significa alcançar um bem sucedido e recompensador investimento, contrastando com o desastre financeiro.

Muitos criadores vêm provando suas habilidades em outros campos de negócios, logo esta análise não tenciona ensinar-lhes o gerenciamento clássico.  Porém, nem sempre os critérios de administração clássica utilizados em suas outras atividades podem ser aplicados quando são tranferidos para a criação de animais de seleção. Obviamente, muitos têm apreço pelos animais e, freqüentemente, transcendem a lógica dos negócios.

O administrador de uma fazenda de criação deve ser capaz de:

1. Compreender o desenrolar de toda operação, seus pontos fortes e fracos, destacando capacidades e responsabilidades.
2. Designar seus planos de ação para curto e longo prazo (aplicar um método sensivel de alcance de metas, determinado por suas propriedades).
3. Implementar este plano (trazendo o delineamento global para o dia-a-dia da fazenda), além de delegar tarefas, autoridades e responsabilidades.
4. Enumerar prioridades, atacando os objetivos da fazenda: produção de reprodutores (as), venda de coberturas e transferência de embriões, alojamento para animais de outros proprietários, comercialização constante, ...
5. Avaliar os resultados obtidos, através de métodos rotineiros para medir sucesso ou fracasso na obtenção de suas metas (por exemplo: ganho financeiro, apresentação de seus animais em exposições, afluxo de visitantes em sua fazenda, ...).
6. Modelar os planos de curto e longo prazo tornando-se flexíveis ante circunstâncias adversas.

Um administrador, assim caracterizado, deve ainda possuir uma atitude positiva para o sucesso.  Nos meios rural isto pode se definir como:

a) Conhecimento da criação
b) Adaptabilidade à mudança

De um modo geral existem diversas áreas de trabalho na criação de animais atualmente.  Alguns destes tópicos mais importantes são:

1. Gerenciamente financeiro
2. Estado sanitário do rebanho
3. Alimentação
4. Trabalho
5. Estruturas e Instalações
6. Marketing
8. Comercialização

Cada uma destas sete áreas está interrelacionada com as outras. Uma descrição pormenorizada delas nos fornece a devida importância individual no fechamento do plano global da criação de animais.

1. Gerenciamento Financeiro.

Considerar a criação como um negócio, requer uma avaliação objetiva dos recursos disponíveis e do potencial de retorno.

Se o criador trabalha com um orçamento limitado, não deve esperar realisticamente produzir reprodutores campeões nacionais em exposições das raças.  Se o plantel de matrizes é de qualidade mediana, não faz sentido adquirir o mais valioso dos reprodutores para produzir filhotes de elevada estirpe. Um melhor uso de seu capital poderia indicar a substituição gradual no rebanho de fêmeas, utilizando bons reprodutores (não necessariamente os de maior valor) para alcançar resultados consistentes a longo prazo.

O planejamento a longo prazo deve se iniciar na fase de construção da fazenda, caminhando até as primeiras mudanças no meio criatório da raça, quando será então novamente direcionado.

O gerenciamento financeiro requer um plano lógico de rendas e despesas, incluindo-se aí uma análise do fluxo de caixa da propriedade.

Os custos estão presentes em todas as áreas da criação: reprodução, alimentação, treinamento, etc.  Portanto, verifique se o seu plano de criação é factível, se o fluxo se caixa está bem dimensionado e se você pratica rigorosamente uma verificação nos custos do empreendimento.  Finalmente, avalie periodicamente seus Lucros e Perdas, a fim de determinar as fases do plano que podem ser estendidas, reduzidas ou até eliminadas.

2. Estado sanitário do rebanho

Um adequado gerenciamento da saúde de seus animais é muito mais do que uma ocasional visita do médico-veterinário ou um simples kit de primeiros socorros junto às cocheiras.  Uma ação positiva inclui nutrição apropriada, regime da medicina preventiva regular, cuidados na reprodução, chamadas de emergência e manutenção do bem estar/segurança dos animais.

Tenha certeza que sua criação está livre de objetos perigosos: maquinário agrícola decadente, cercas deficientes, farpas portiagudas nos estábulos, plantas venenosas nos pastos; mantendo sempre as cocheiras, piquetes e pastos limpos e em bom estado.  Caminhões e trailers de transporte também devem ser verificados.

A medicina veterinária preventiva é dificil de se apreciar e muito frequentemente impossível para um profissional exercê-la.  Por não “curar” uma doença ou problema existente, a prevenção dos animais pelo veterinário não oferece, de imediato, o impacto que o criador espera na visita à sua fazenda.

São inúmeras as ocasiões em que o fazendeiro imagina-se economizando despesas com um profissional, por seus animais não apresentarem exteriormente qualquer problema rigoroso.  Contudo, quando este aparece, seja por doença contagiosa ou outro, a chamada emergencial do cuidado veterinário pode arrasar “economias” de vários anos de má administração.  Resumidamente, medicina veterinária preventiva deve incluir vermifugação, vacinação e inoculação periódica, bem como testes e avaliações constantes.  O veterinário deve trabalhar ao lado do administrador planejando um programa de saúde e recomendando o mais indicado para cada situação no criatório.

Falando de vermifugação, é válido lembrar que sem o tratamento rotineiro com produtos específicos, este prezuízo pode ser irreversível.  Falta de vitalidade e baixa utilização da capacidade alimentar são também influências de um inadequado programa de vermifugação.


Um programa rigoroso de gerenciamento reprodutivo vem sendo instituído em inúmeras propriedades.  Tanto o custo de manutenção do plantel de fêmeas, como dos serviços do reprodutor, vêm crescendo a cada ano, tornando imperativo um efeciente sisteme de monta.  Três modalidades podem ser empregadas:

a) Monta a Campo (utilizada em criações extensivas);
b) Monta Dirigida (reconhecida oficialmente pelas Associações de Registro);

c) Inseminação Artificial (já implementada em reduzido número de propriedades).

Todas oferecem certas vantagens e desvantagens. Independente do sistema utilizado, seu programa de cruzamento deve estabelecer um índice de parições compatível com seu empreendimento, e dar ênfase especial à higiene e segurança dos reprodutores (as).

A assistência veterinária, em caso de emergência, pode se tornar o ponto mais alto, por animal, em seu plano orçamentário.  Estes custos se reduzem drasticamente se o programa de sanidade e medicina preventiva for estritamente seguido, mas, devido à natureza do animal, nunca serão eliminados.  Antes de identificar problemas em seus animais, o criador deve conhecer as características de um bom estado de saúde dos animais. Um simples estojo de primeiros socorros deve ser a peça fundamental em qualquer estágio e inclui algodão, bandagens aderentes, gaze, desinfetante-bactericida, spray cura-bicheiras e cicatrizante tópico.

A prática da visita periódica do veterinário é importante, pois torna familiar o quadro clínico de seus animais, evitando repetitivos testes, enquanto cresce a atenção individualizada, com menor custo por cabeça.

A escrituração, por fichas ou livro de estábulo, é peça importante para a melhor assistência veterinária; e no fundo, certamente teremos a introdução de micro-computadors no trabalho diário da fazenda.


3. Alimentação

Historicamente admite-se que a alimentação de caprinos não é propriamente uma questão científica, visto que diversos povos têm possuído rebanhos que sobrevivem às mais diferentes condições de habitat.  A alimentação pode ser considerada mais uma “ARTE” do que uma ciência.  Hoje, criadores tradicionais aplicam a seus animais fórmulas que herdaram de seus antepassados, e que são disseminadas por seus seguidores, ao visitarem os berços de criação das linhagens predominantes.  Desde o início da Revolução Industrial até agora, pouca ênfase ou capital foi dirigida para este ramo de pesquisa.


É importante que os administradores de fazenda tenham conhecimento sobre a fisiologia do aparelho digestivo dos animais, a fim de permitir-lhes indicar a melhor dieta. 

Criadores, desordenadamente, preocupam-se com proteínas na alimentação de seus animais.  De grande valor nutricional, não são contudo, o único fator decisivo para a formulação da ração.  Animias em crescimento requerem alta carga proteica, enquanto animais já maduros, em estado não reprodutivo, pouco exigem.  Não só a quantidade, mas principalmente a qualidade proteica deve ser analisada.  Como se sabe, proteínas são formadas por aminoácidos, alguns dos quais são sintetizados pelo corpo animal e outros não.  Os que não são sintetizados pelo corpo animal são ditos essenciais e devem ser suplementados pela ração.  Alguns criadores costumam suplementar seus animais com idade já avançada empregando rações que alcançam 16-18% de proteína, oriunda da soja ou cereais.  Caso utilizassem carbohidratos ou gorduras em maior escala, teriam uma ração bem mais econômica e sem dispêndios energéticos.

Carbohidratos são a fonte primária de energia.  Grãos contêm alto nível de carbohidratos expressos em “Nutrientes Digestíveis Totais” ou valor energético de NDT.  A necessidade em NDT é o ponto de partida para a formulação de rações.  É recente o consenso que podemos utilizar gorduras para alcançarmos bons níveis de energia.  No entanto, a pesquisa comtinua nesta área para se determinar os níveis ótimos de fornecimento de alguns produtos: milho, farelinho de trigo, farelo de soja, aveia, melaço, e outros.

Vitaminas e Minerais são obviamente necessários para permitir um amplo desenvolvimento. Algumas vitaminas são metabolizadas pelo animal e outras fornecidas na ração (A,D e E).  Vitamina D (que permite a melhor absorção de Cálcio e Fósforo) é facilmente obtida no pastejo, bom feno e exposição à luz solar; no entanto, animais confinados podem sofrer deficiência em vitamina D, que deverá ser adicionada no concentrado.  Os sais minerais devem ser encarados como mais um ítem no balanceamento da ração, não se esquecendo, da usual consideração sobre a proporção Cálcio/Fósforo (min.: 1,1-1,0) e incluindo os outros minerais necessários.  Toda distribuição de sal deve ser à vontade para os animais.

Criadores parecem que se fascinam quando discutem sobre suplementação vitamínica/mineral.  Algumas aplicações, principalmente em animais velhos ou com problemas específicos, fazem sentido.  O uso indiscriminado de medicamentos em animais com dietas balanceadas não leva à nada, exceto incremento de despesas ou níveis de toxidade nos tecidos fisiológicos.

Quando consideramos um programa racional de alimentação, avaliamos que o animal deva ser nutrido como um indivíduo.  A obesidade é freqüentemente um problema maior que a subnutrição.  Sumarizando, um programa de sucesso deve incluir:

a) Ração balanceada: pasto, feno, grãos a serem usados, de acordo com o crescimento, atividade, e necessidades reprodutivas dos animais, já adequados ao espaço ótimo da criação.
b) Água: limpa, fresca, à vontade, exceto quando o cavalo está com alta temperatura.
c) Sal Mineral: adequado, à vontade.
d) Programa de Saúde Preventiva: manutenção e seriedade no atendimento veterinário.

Considerações gerais de gerenciamento incluem planejamento para:

a) Programa de Alimentação: com freqüencia diária delimitada.
b) Observação: deve-se saber que alimentos são saudáveis para os caprinos, antes que se detecte qualquer problema ou mudança no hábito alimentar.
c)Medicina Preventiva: familiarizar o veterinário com todos os animais.
d) Controle Parasitário: cólicas e distúrbios digestivos são influenciados por parasitos internos, devendo o veterinário estabelecer programa periódico de vermifugações, alternando-se os produtos utilizados.
e) Controle de peso apropriado.
f) Estabelecer sistema de armazenamento eficiente de rações e suplementos.
g) Utilizar um gerenciamento de custos eficientes que seja compatível com as condições econômicas da propriedade.


4.Trabalho na Fazenda

Devido ao fato de os encararmos como indivíduos, de manejos e atenções próprias, os animais requerem trabalho intensivo.  Este é um dos fatores que encarecem esta atividade, pois o número de homens/hora empregados é crescente.


Podemos citar como atividades a serem preenchidas as seguintes:

a) Limpeza do capril

b) Rasqueamento e corte de pelos dos animais

d) Manejo de filhotes

e) Corte de forrageiras/alimentação


f) Coleta e distribuição de esterco


g) Administração geral, ...

Muitas fazendas investem em suas folhas de pagamento oferecendo casas boas e mobiliadas para empregados, que ao se sentirem mais seguros e confiantes em suas ocupações, retribuem em lealdade e eficiência.  Uma vantagem adicional deste sistema é que mantêm sempre uma quantidade extra de pessoal na propriedade, em casa de alguma emergência.  Além disso, é imperativo fazer com que os empregados se tornem parte integrante de toda a operação, repartindo entre eles os sucessos da criação.


5. Estruturas e Instalações

Se a fazenda pode se comparar a outros ramos de atividades industriais, temos que identificar os seguintes itens do processo:

a) Produção: potencial do rebanho, reprodução e treinamento.
b) Produto: filhotes, reprodutores, reprodutoras, ...
c) Comercialização: promoção, vendas e marketing.
d) Força de trabalho: empregados e administração.
e) Planta física: as terras da fazenda, o aprisco,e outras benfeitorias.

O administrador da propriedade tem sob sua responsabilidade o aprisco, feno, capineiras e produção de grãos, treinamento de animais, armazenamento de rações; devendo se ocupar, literalmente, de gerenciar todas as etapas da criação.


Todas as facilidades devem ser planejadas para o tripé:

SEGURANÇA    CUSTO    EFICIÊNCIA

O máximo de otimização das atuais estruturas deve ser alcançado antes de se adicionar novas etapas à produção.


6. Marketing

Um programa de marketing para alcançar resultados satisfatórios não deve apenas começar quando seus animais são ainda filhotes e já é tempo para comercializá-los.  As metas devem ser estabelecidas antes que se compre a primeira matriz.  Deve-se escolher primeiramente o que se vai produzir: raça, tipo, idade, nível de qualidade.  Depois, estabelecer planos de ação para médio e longo prazo, introduzindo metas ao correr dos anos.

Um bom plano de marketing para vendas requer investimento de tempo, trabalho e dinheiro, e pode-se expressar em:

a) Propaganda em revistas e jornais especializados.
b) Participação em mostras e exposições agropecuárias.
c) Comercialização através de leilões e feiras.
d) Promoção de sindicatos de reprodutores afamados.
e) Distribuição de malas diretas à classe criadora, veiculando os resultados de sua propriedade.

7. Comercialização

Os métodos e habilidades de comercialização têm efeito direto sobre o sucesso ou fracasso financeiro da criação.  A escolha sobre o que deve, ou não, ser posto à venda recai basicamente sobre o dono ou seu administrador, que no dia a dia, vão avaliando quais os animais que trazem melhor produção e se separam o descarte para venda.

Para aqueles que se iniciam no criatório, fica o conselho de buscar o apoio em fazendeiros experimentados ou técnicos capazes de auxiliar numa boa aquisição para o plantel.  Não se deve também basear sua escolha de animais somente em certificados de registro ou pedigrees, pois nem sempre o melhor animal é aquele que apresenta filiação superior.

Outro ponto de discussão é a adequação de animais aos rebanhos constituídos. Não é viável adquirir-se reprodutores recordistas de preços nas raças, para colocá-los a enxertar matrizes livro-aberto, sem origem definida.

Determine seu plano de compras/vendas e procure segui-lo racionalmente.  Não faça compras emotivas, pois animais que pode lhe impressionar vivamente hoje, poderá não ser tão bom amanhã.

Conclusão:

Cada um dos tópicos abordados neste artigo: gerenciamento financeiro, estado sanitário do rebanho, alimentação, trabalho na fazenda, marketing e comercialização, devem ser encarados como parte de um todo.  Não se deve excluir ou concentrar tópicos, visto que a saúde funcional e financeira da criação depende de todos os ítens da operação.

Hobby ou negócio? São opções que o fazendeiro terá de escolher antes de se iniciar no mundo da criação.

Não se pode conviver com ambos!

Texto adaptado. Fonte: Crônicas da Raça Mangalarga Marchador, Ricardo L. Casiuch

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A SÍNDROME DA LETRA J

 

Nos últimos cinco anos tendo acompanhado inúmeros julgamento nas mais diversas exposições do Brasil.  Em alguns, por obra e graça do destino, cumpro a função de secretariar os juízes.

No início tínhamos o juiz único, absoluto, figura que centralizava as atenções.  Hoje vivemos a época das comissões, que variando de 3 a 6 magistrados, ordenam as diretrizes das raças no seu ponto mais sensível ou seja, as pistas de julgamento.

Não vou aqui analisar juízes, pois para tanto não me atrevo.  Gosto sim, e com grande dose de humor, de verificar o comportamento de criadores e expositores.

Quando adentrava no Parque de Exposições o tal juiz único, já vinha cercado por uma tropa de criadores amigos.  Quem não fizesse parte deste grupinho, iniciava seu processo de julgamento pessoal:

-“ Lá vai o amigo deles.  Desta farinha eu já provei.  Trouxe meus animais aqui só para prestigiar a Associação e já sei o resultado!”                                  (Barra do Pirahy – RJ – Junho de 82)

Algumas vezes a exaltação era tanta, que o criador se retirava do Parque, levando consigo seus animais até antes de serem julgados e ia para a fazenda curtir uma tremenda ressaca técnica.

Infelizmente deste processo alguns não escaparam e nunca mais sequer pisaram num Parque de Exposições. Com as comissões formadas, já ficaria um pouco mais difícil tecer comentários sobre um grupo de juízes.  Mas não se fizeram de rogado!

- “Neste comissão um manda, é o lider.  Os outros apenas acompanham.”

- “Comissão de três é como estouro de boiada: cada um vai pro seu lado, e o resultado sai no laço”.
(Cordeiro – RJ – Julho de 83)

Mas quem é o nosso amigo criador?  Qual o seu perfil?  Há quantos anos está no ramo, perguntaria meu vizinho?

É fácil a resposta, prezado companheiro.  É a Síndrome da Letra J.

Quando nosso amigo e jovem criador, leva pela primeira vez seus animais para uma Mostra, ele inicia com animais de sua criação na letra A.  São seus primeiros passos na difícil arte de se manejar animais, e ele já os imagina cobertos de lauréis.

Na verdade, o que ele está sofrendo agora é algo que levara dez anos aproximadamente para o posicionar junto a outros criadores mais antigos.  Até chegar à letra J, verá muita água passar na beira de seu regato e muitas considerações técnicas chocarem-se em seus ouvidos, sem aquela compreensão que marca o entendimento dos mais veteranos.

Mas não pense, prezado leitor, que ele se deixará abater.  Quanto maior seu grau de incompreensão perante os julgamentos realizados, maior sua explosão de raiva sobre os juízes na Pista.

É a tal Síndroma da Letra J.  São dez anos de provação que o jovem criador passa até estar totalmente curado desta enfermidade que, mesmo não sendo transmissível por qualquer vetor, costuma ser adquirida por osmose entre “grandes amigos” criadores.

Nem todos a sofrem, e muitos já na letra B (segundo ano de criação) costumam superar seus efeitos colaterais.  Entendem que o juiz presente a uma Exposição não busca auxiliar ou prejudicar qualquer proprietário, mas sim colocar os animais em ordem preferencial segundo um padrão racial estabelecido pelas próprias Associações de Criadores.

Estas são histórias vividas dentro das pistas de julgamento e o folcore é muito vasto, merecendo outros relatos. Costumava ouvir de um velho criador, em Caxambu(MG), que todos nós temos telhado de vidro. 
  
Portanto, se você nunca foi atacado pela Síndrome da Letra J, não se preocupe pois, afinal, o alfabeto não termina aí.

Texto adaptado. Fonte: Crônicas da Raça Mangalarga Marchador, Ricardo L. Casiuch